Tudo isso significa exatamente que quando todo pecado for arrancado do mundo, então, não haverá mais lágrimas, mortes, conflitos e catástrofes. “Deus será tudo em todos”. Deus deu inteligência e meios para o homem viver bem neste belo planeta. No entanto, pelo pecado do ateísmo, da ganância, do orgulho, da inveja, da preguiça, do ódio, da falta de amor, etc., o homem causa a desgraça na terra. Mas, e as catástrofes naturais?
O mundo visível foi criado com belas e perfeitas leis que o sustentam. A gravidade, as leis da mecânica, da ótica, do eletromagnetismo, etc. E Deus não fica interferindo na vida da terra, contrariando as próprias leis que Ele estabeleceu para manter a ordem do universo. Sem essas leis o planeta não existiria. Se alguém saltar ou for jogado do décimo andar de um prédio, Deus não vai suspender a lei da gravidade para aquele corpo em queda livre, porque ele respeita a criação que estabeleceu. Deus é responsável; é Pai, mas não paternalista. Ele nos deu inteligência e meios de dominar a natureza, ou ao menos fugir de seus males, uma vez que ela também foi e é afetada pelo pecado do homem, de ontem e de hoje.
Sabemos que os desabamentos de Angra dos Reis, por exemplo, que mataram muitos, foi culpa do homem; negligência, imprudência, ganância, etc. Na Holanda, por exemplo, onde pode haver transbordamento de rios, uma grande faixa de terra nas margens do mesmo fica interditada para a construção. A tsunami da Ásia, onde morreram milhares, poderia ter acontecido, mas não morreriam tantas pessoas se não tivesse havido negligência. Enquanto gastos astronômicos são feitos enriquecendo a indústria bélica, ficou patente que a sismologia fracassou lamentavelmente. Alguns sismólogos nos EUA previram a catástrofe, mas a comunicação com as áreas atingidas não foi possível por falta de meios.
É o caso de se perguntar: O homem, orgulhoso de sua ciência que supera até Deus, onde você estava? Como, com todos os recursos de sua informática você não conseguiu avisar a milhares de pessoas sobre o perigo iminente? Incúria!
Se a informação disponível tivesse chegado o número de mortos teria sido muito menor. O homem se gaba de sua ciência, mas seu orgulho foi terrivelmente punido. Será que o mesmo não aconteceu no Haiti, e não vai ainda acontecer em outros lugares por incúria humana? O Boletim de Noticias da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, disse o seguinte após a tsunami:
“Um eficiente sistema de alarme contra tsunamis criado pelos Estados Unidos para proteger a sua costa pacífica existe desde 1948. Infelizmente, no Oceano Índico, onde no dia 26 de dezembro uma seqüência de ondas gigantes tirou a vida de mais de 120 mil pessoas, nada existia. Se fenômenos naturais como terremotos e ondas gigantes são inerentes ao funcionamento da Terra, que antes de mais nada é também um organismo vivo, as dramáticas cenas vistas da Ásia durante a última semana poderiam muito bem terem sido menos terríveis. O motivo é que os conhecimentos científicos e culturais obtidos nas décadas passadas não foram aplicados nos últimos anos pelas nações atingidas pelo tremor de agora. No episódio da semana passada, que atingiu de forma indiscriminada pessoas e nações de todo o mundo, toda a tecnologia disponível ficou em segundo plano. O grande tremor de terra nas profundezas do Índico, que por si só serve como um aviso de que um tsunami estaria se formando, foi detectado por vários centros de pesquisa espalhados pelo mundo, inclusive pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília. Entretanto, nenhuma sirene foi soada nas praias ou nas cidades costeiras do Sri Lanka, da Índia, da Indonésia e da Tailândia, países com elevados números de mortos.” (Lições não aprendidas - 03/01/2005).
Após a tsunami, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, exortou o mundo a aprender com a tsunami e disse que “investimentos limitarão as vítimas e os danos de desastres naturais inevitáveis”. Por que isso não foi feito antes, numa região de tantos turistas. O problema foi que naquela região não havia os recursos técnicos para captar o aviso. Onde estava o homem?
É louvável os milhões de dólares que chegam agora ao Haiti, mas fica uma pergunta: "Será que não seria possível prevenir a tragédia, ou pelo menos diminuí-la?”. Será que o mesmo aconteceria em outro grande país? Sabemos que em países industrializados, os prédios nas zonas de terremoto são construídos sobre sistemas amortecedores que reduzem o estrago causado por movimentos. Mas isso nunca poderia existir no Haiti porque é um país abandonado. É melhor investir bilhões de dólares em pesquisa espacial e na guerra, do que socorrer uma pobre nação. E quer se culpar a Deus? Onde estava o homem?
Existe um limite humano que os racionalistas não aceitam porque para eles “o homem é a medida de todas as coisas”, como se a natureza por si só fosse o princípio de tudo. Há algo maior na vida do homem. Platão disse na sua obra “As leis”, que “Deus é a medida do homem”. As catástrofes sacodem a nossa auto-suficiência que endeusa a ciência.
Além das catástrofes naturais que matam às vezes milhares, que poderiam ser salvos, não se esqueça das guerras que ceifam milhões de vida; há catástrofes piores? Foram 10 milhões na Primeira Guerra, 50 milhões na Segunda, 20 milhões vitimas da loucura do nazismo e 100 milhões vítimas do comunismo ateu. Que culpa Deus tem disso? Onde estava o homem?
As catástrofes não são castigos de Deus, pois um bom Pai, que é Amor, não trata assim seus filhos. Mas é justo perguntar se o homem tem buscado Sua ajuda e proteção. A Igreja nos recomenda se refugiar debaixo da proteção de Deus, da Virgem Maria, dos Santos e dos Anjos, contra os males deste mundo e do demônio. Mas será que o homem moderno tem feito isso? Deus não pode obrigar o homem a se abrigar forçosamente debaixo de sua proteção. O que temos visto? O homem de costas para Deus, violando tristemente suas leis, praticando o aborto, a prática homossexual, matando embriões que são vidas humanas, praticando a eutanásia, a guerra, o desamor, a corrupção deslavada, a politicagem suja, a pornografia por todos os meios... Como um mundo assim pode ter a proteção de Deus? O homem está expulsando Deus da terra; até os seus sinais sagrados estão sendo agora proibidos. Como podemos assim ter a Sua proteção? Como disse o Papa Bento XVI, “o homem construiu um mundo que não tem mais lugar para Deus”. Deus não castiga, mas não é obrigado a dar a sua proteção a um mundo que o rejeita, ofende, calçam os pés às Suas Santas leis. São Paulo disse: “Não vos iludais, de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá” (Gl 6,7). Voltemos para Deus, de todo coração, e teremos a Sua proteção.
Se Deus permite que o mal se abata sobre os homens, como permitiu que a Sua Esposa querida, Israel, fosse deportada para a Assíria e Babilônia, é porque precisa salvá-los. A Revelação divina nos ensina que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8, 28). Muitos inocentes morrem nas tragédias também, mas Deus sabe do mal tirar o bem. Sua providência consiste no fato de que sabe tirar o bem para os homens inclusive das situações mais dolorosas e trágicas da natureza, assim como de sua maldade e falta de sabedoria. A maneira como Deus faz isso é para nós um grande mistério, mas, porque é bom não permitiria estes fatos dolorosos, se não fosse capaz e não tivesse a intenção de tirar do mal o bem para os homens. Como não ver nestes tristes acontecimentos, um chamado à “conversão”, como Jesus no Evangelho falou do acidente da torre de Siloé?
Muito boa resposta,e melhor ainda as palavras proferida a ela.Pois...ninguém conhece os desígnios de Deus.Sabemos que os terremotos são causados pelos movimentos das placas tectônicas é simplesmente um detalhe técnico – aliás, evidente e incontestável – que não vem ao caso nesta discussão. Os fenômenos naturais, afinal de contas, estão sujeitos ao Autor das leis da natureza.
O que dá para saber com certeza é que Deus não permitiria o mal se, dele, não pudesse tirar um bem ainda maior – como diz Santo Agostinho,e foi publicado tb no texto. E, se um terremoto que deixou milhares e milhares de mortos, feridos e desabrigados é obviamente um mal, importa dar sentido ao sofrimento. Não faz diferença (e, aliás, nem é humanamente possível) saber com certeza se foi castigo divino ou fatalidade permitida pelo Onipotente. O que importa é unir as próprias dores àquelas sofridas pelo Homem das Dores. Como falou o Papa João Paulo II na Salvifici Doloris:
"Todo o homem tem uma sua participação na Redenção. E cada um dos homens é também chamado a participar naquele sofrimento, por meio do qual se realizou a Redenção; é chamado a participar naquele sofrimento, por meio do qual foi redimido também todo o sofrimento humano. Realizando a Redenção mediante o sofrimento, Cristo elevou ao mesmo tempo o sofrimento humano ao nível de Redenção. Por isso, todos os homens, com o seu sofrimento, se podem tornar também participantes do sofrimento redentor de Cristo."
[SD, 19]
Que os sofrimentos humanos – em particular estes de memória tão recente – não sejam inúteis, é o que pedimos à Virgem Santíssima, Mater Dolorosa, Nossa Senhora das Dores, Aquela que tão perfeitamente soube unir os próprios sofrimentos aos de Seu Divino Filho.
SHALOM
Layla Kamila
Lendo este post lembro de quantas vezes nos negamos a ouvir quando nossos pais falam e seguir por aquele caminha mais desejado que nem sempre é o melhor. Deus nos mostra da mesma forma o quanto somos livre e como tal liberdade nos leva a falta de humanidade que está presente como uma cadeia em torno de nós. Atentar que temos Pai talvez nos faça descer do nosso orgulho tão doentio que nos fazer sentir e elevar-nos a donos daquilo que nem sequer possuimos.
Ele é Pai e não nos abandona! Talvez não seja nem a questão de discutir se o crufixo no Haiti foi abalado ou não, mas sim de nos perguntamos se a nossa consciência foi , esta sim, abalada ou não pelas próprias atitudes e hipocrisias.
Mais uma vez lembro-me de um ditado popular e familiar que tem tanta razão: Quem não aprende pelo amor, (sinceramente) aprenderá pela dor.