Zelar pelo que é nosso










Olá amigos,

De antemão, gostaria de agradecer a presença de todos no blog. De todos os que já se declararam leitores assíduos do Ainda é Tempo de Morangos a aqueles comentam, os que nos seguem, os que apenas acessam, e também daqueles que acabaram caindo nesse blog por acidente (acabou clicando sem querer) não tem problema, aproveita a estadia. De coração, um muito Obrigado.









Cinco de Janeiro de 2010, dia do meu aniversário, mas também em minha cidade (Itabaianinha-Se), como em outras também se é comemorado o Dia de Santos Reis. Mas o que se tornou essa cerimônia da qual meus pais e avós se orgulhavam? Recordo-me de ouvir velhas histórias de pessoas aguardavam ansiosas por esse período, onde ao longe, podia-se ouvir, e com sorte encontrar, um grupo especial de músicos e cantadores, trajando fardamento colorido, entoando versos que anunciam o nascimento do menino Jesus em homenagem aos Reis Magos.
Hoje o que vejo? algumas pessoas zanzando pelas ruas, apenas com um assunto em pauta: "A banda que irá tocar mais tarde"? Uma bela e tradicional cerimônia de caráter religioso, transformar-se num mero produto mercadológico, onde se apresentam grupos de “cunho nacional”, que em nada tem a acrescentar, e, aliás, só fazem denegrir à rica história dessa festa, que é uma herança portuguesa que chegou ao Brasil por volta do século XVIII, grupos esses que alienam as novas gerações com músicas (se assim devo chamá-las) de baixo escalão, que acaba passando com violência uma borracha por cima da nossa história.
É como canta o Tim Maia, "Hoje é dia de Santo Reis, Anda meio esquecido, Mas hoje é dia de Santo Reis."
Para entendermos o real valor disso que vos proponho, devemos entender um conceito basilar para nós no dia de hoje, que é o conceito de cultura. O termo Cultura é tema de discussão de intelectuais há muito tempo, mas vamos generalizar o conceito para facilitar o entendimento de todos. Cultura seria então tudo aquilo que é produzido ou criado, por determinado grupo social (uma cidade, por exemplo), e por ter sido criado por esta, dei-lhe este sentimento de pertença, algo que lhes diferencie de outros grupos sociais. Essas criações sociais podem variar de gigantescos monumentos criados sobre “pedra e cal”, a uma dança típica, um gesto, um prato culinário.
Não sei se consegui ser claro o suficiente, então vamos a exemplos: os Gregos são famosos por terem desenvolvido a Democracia; os egípcios são conhecidos além de outros fatores, por suas pirâmides; para não irmos tão longe ao tempo e no espaço, temos Laranjeiras que é o maior pólo folclórico do estado tem como marca na sua tradição cultural, a festa do Lambe Sujo X Caboclinhos, etc. É assim caro leitor, que posso exemplificar o que seria cultura e sua representatividade numa sociedade.
Além de uma crítica a nossa atual situação, vejo esse texto mais como um apelo, a você que é cidadão de Itabaianinha, a você sergipano, a você brasileiro, enfim, a você que compõe um determinado meio social, pois utilizando das palavras da minha amiga Bruna Morrana, “ser cidadão não é apenas ser natural de determinado ambiente social, e sim ter o sentimento de pertencimento a tudo àquilo que compõe a cultura local”. E tendo esse sentimento de pertença, esse se transforma sim em um bem cultura, que igualmente a um bem material, merece ser preservado, e passado geração após geração.
De quem seria a culpa dessa gritante situação pela qual passamos? É muito fácil chegar agora e dizer “a culpa é do governante”, sim claro que este tem grande parcela de culpa nisso tudo, mas antes de ser governante ele é um cidadão, e é no cidadão que deve ser preservada essa idéia de passar à frente tudo aquilo que remete a nossa identidade. Portanto façamos esse exercício de consciência.

Espero que este texto tenha servido ao menos para que você pare e pense em seus atos.

Grande Abraço,


Ashley Trindade
Follow me @ashtrindade
e-mail: ash.trindade@hotmail.com


Obs: Esse Tema já é um antigo desejo meu, que ganhou força e forma a partir das aulas de patrimônio cultural com o professor Claudefranklin, dos debates nos corredores da Universidade, como também ao me deparar com um 5 de janeiro em que a cidade deveria estar inflamada de alegrias, de significados, hoje a população age apenas como mais um show de uma banda com nome de lingerie.  

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4 Responses
  1. Anônimo Says:

    É meu querido Ash, a cultura não é mais levada a sério.
    Afinal, são poucos hoje em dia que acham legal assistir a uma apresentação folclórica ou algo do tipo.
    Artesanatos e patrimônios culturais só estão servindo de enfeite, para que as pessoas possam ir lá, tirar fotos e dizer que estiverem no local ou que viram os objetos.
    É, as pessoas podem até visitar locais históricos, mas não sabem o real valor que isso tem.
    É uma pena mesmo que ninguém mais leve a sério a nossa cultura.


  2. Prezado Ashley, fico feliz por saber que tivemos algum tipo de contribuição positiva naquilo que você já tem de bom: capacidade de redigir e de se expressar bem. Louvável sua preocupação com nossa cultura e com o nosso patrimônio cultural, dentro da perspectiva da "aldeia" (Itabaianinha). Parabéns pelo texto e pelo blog.


  3. Eli do Vale Says:

    parabens pelo post, ele une informação e cultura e tb mostra paixão pela cultura.


  4. Unknown Says:

    ótimo post realmente conseguiu fazer o que se propunha : nos atinar ao nosso sentimento de pertença. Conseguiu tocar!


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